quarta-feira, dezembro 30, 2015

Natal 2015 no Gungo

Olá, muito boa noite e votos de boas festas.
Nós chegámos ontem do Gungo, mais concretamente da Donga, onde celebrámos o Natal.
No último apontamento que aqui deixámos fizemos referência às dificuldades que se adivinhavam para chegar à Donga.
A chuva deixou as suas marcas na picada e a viagem teve que ser feita a um ritmo muito lento, embora já não esteja a chover. Graças a Deus, conseguimos chegar. Já era bem noite. Mas com a energia elétrica que temos graças aos painéis solares e todo o sistema a ele ligado não se torna incómodo chegar de noite. Temos instalação elétrica em todas as divisões.
Algumas pessoas já tinham chegado e até começado a limpar e preparar os espaços.
No dia 23 de manhã teve início o retiro dos jovens. Oitenta e dois, dos quais 24 com menos de 15 anos. Mas procurámos distribuí-los pelos grupos e também participaram.
Aproveitámos o tema deste Ano da Misericórdia para colocar os jovens em sintonia com a caminhada que faz a Igreja. Meditámos na passagem do Evangelho que fala do Zaqueu.
Depois de sabermos a “multidão” que tínhamos para aquele retiro (só no próprio dia se sabe e estão sempre a chegar…) dividimo-los em grupos entregando a cada um uma passagem do Evangelho também alusiva ao tema da Misericórdia. Depois da leitura dos textos cada grupo fez uma pequena representação da passagem que lhe calhou. Nesse trabalho de grupo também foram pintadas as letras que depois foram colocadas no local da missa e que vemos numa das fotos. Também fizeram sopa de letras.
Os adultos foram fazendo outros trabalhos como limpezas, descasca e debulha de milho, montagem das tendas, entre outras tarefas.
No dia 24 um dos catequistas teve um encontro com os mais crescidos para lhes transmitir uma catequese alusiva ao Natal. Também continuaram as outras tarefas e houve atendimento de várias horas no sacramento da Reconciliação.
Ao longo destes dias víamos as pessoas a chegar, algumas de motorizada, a maioria a pé, com os seus carregos à cabeça e ainda com a lenha que apanhavam já perto da missão para as suas cozinhas.
À noite a equipa missionária foi fiel à tradição e no jantar de Natal comemos o bacalhau, desta vez assado no forno.
A missa da noite de Natal teve lugar às 21:00 horas e prolongou-se para lá das 23:00 h. Como sempre, as nossas celebrações são marcadas pela simplicidade e por uma grande alegria que extravasa nos cânticos, palmas e danças. E não faltou o presépio que teve um Jesus “importado” e o resto dos figurantes “made in Donga by Camungungos”. Como os voluntários eram muitos, abundaram os figurantes,
Após a missa a festa continuou por um longo tempo animada pelos batuques, cantos e danças.
No dia de Natal celebrámos a missa às 9:00 horas, mais uma vez marcada pelo espírito próprio do Natal.
Depois foi a quase debandada total porque não é ali que as pessoas habitam. No fim das celebrações regressam às suas aldeias e algumas são muito distantes.
No sábado tivemos um encontro com casais vindos dos vários centros que compõem a missão. O objetivo é que eles venham à missão de dois em dois meses receber formação e depois a retransmitam nas zonas onde vivem. Participaram 30 pessoas, mesmo assim abaixo das 44 que seriam supostas. Mas valeu, para começar.
No domingo celebrámos a Festa da Sagrada Família. De tarde tivemos a reunião do Conselho Permanente que analisou a caminhada da comunidade, atividades desenvolvidas e fez o programa da missão até ao fim de fevereiro.
O dia de segunda-feira foi o da despedida de algumas pessoas que ainda estavam connosco e também serviu para a realização de algumas tarefas na Donga.
A viagem de regresso também foi vagarosa mas correu bem. Agora estamos no Sumbe a tratar de alguns assuntos e à espera do novo ano.
Aproveito para informar que no dia de Natal, após prolongada doença, faleceu a avó Isabel, esposa do avô Filipe que esteve em Portugal em Outubro deste ano. Rezemos por ela e pela família.
Um abraço para todos e boas despedidas de 2015.


P. Vítor Mira

terça-feira, dezembro 22, 2015

Santo e Feliz Natal

Muito bom dia.
A equipa missionária já carregou o camião que em breve partirá para o Gungo, mais concretamente para a Donga, conduzido pelo Mário.
Ainda falta carregar o nosso jipe Cavalinho Branco, mas é pouco porque a maior parte da bagagem vai no camião.
Depois de almoçarmos partiremos também nós em direcção à Donga. Lá iremos celebrar o Natal, se lá conseguirmos chegar. Esperamos que sim, embora a informação de que tem chovido muito nos deva fazer ser cautelosos.
Amanhã teremos o retiro dos jovens, no dia 24 os preparativos finais, no dia 25 a celebração do Natal.
Entre nós é uma festa marcada pela simplicidade, mas é Natal.
Estamos contentes por mais uma vez sermos portadores da luz de Belém até às pessoas do Gungo para que o verdadeiro espírito do Natal seja vivido. Sim, porque para muita gente por lá, Natal é festa de comer um pouco mais e, principalmente de beber muito. Por isso a "festa" por vezes descamba em bebedeira, pancadaria, abusos de vária ordem.
Mesmo que não chegue a todos, vamos tentar levar o Natal a todos os que o quiserem acolher e que esses sejamos nós, em primeiro lugar.
No dia 26 teremos um retiro de casais. Esperamos que estejam dois casais em representação de cada centro. Domingo celebraremos a Festa da Família e de tarde teremos a reunião do Conselho Permanente para fazer o programa da missão para as próximas semanas.
Devemos regressar ao Sumbe segunda ou terça-feira, se Deus quiser.
A equipa missionária deseja a todos um Santo e Feliz Natal com as maiores bênçãos do Deus Menino. Que a sua brilhe no coração de cada um de nós.

P. Vítor Mira

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Assembleia Diocesana e Ano da Misericórdia

Olá, muito boa tarde.
De novo aqui nos encontramos para partilharmos mais um pouco da vida da nossa missão.
Este mês de Dezembro, que ainda decorre, foi marcado por dois momentos importantes na vida desta diocese do Sumbe.
Convém informar que aqui o ano pastoral tem um ciclo diferente de Portugal.
Aqui as “férias grandes” têm lugar nos meses de Dezembro e Janeiro e este ritmo influencia a vida da Igreja. Assim, considera-se que o ano pastoral começa em Fevereiro.
Até há pouco tempo era em Janeiro que tinha lugar a Assembleia Diocesana de avaliação do ano pastoral que terminara e programação do novo ano. Ultimamente esta assembleia tem decorrido no mês de Dezembro, este ano de 9 a 13.
Todas as paróquias e missões de fazem representar com os seus párocos e/ou vigários, irmãs e catequistas. Cada paróquia e missão resume perante a assembleia os aspetos mais importantes do ano que termina, o mesmo acontecendo com os vários serviços e movimentos diocesanos.
Depois são definidas as prioridades e linhas de ação para o novo ano.
Nesta assembleia a diocese de Leiria esteve presente com dois representantes: a irmã Olinda Oliveira, natural do cercal, que pertence às irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima e trabalha em Cassongue, e eu. Estamos na foto.
O ano que vai começar está marcado pelo Jubileu dos 150 anos da segunda fase da evangelização de Angola, que culminará com um congresso eucarístico nacional no próximo mês de Agosto, e pelo Ano da Misericórdia, em sintonia com a Igreja Universal.
Os trabalhos da assembleia terminaram no fim da manhã de sábado.
No domingo, dia 13, como em muitas outras dioceses, fez-se a abertura oficial do Ano da Misericórdia com a abertura da Porta Santa da Catedral.
Na noite anterior choveu muito e por isso a participação nesta celebração dos fiéis foi menor do que é habitual nestes dias. A cidade do Sumbe estava muito encharcada e quem vive nos bairros periféricos da cidade nem conseguiu sair de casa porque todos essas áreas são de terra barrenta que com a chuva se transforma em lama.
Apesar disso, a catedral esteve cheia e a celebração foi viva e intensa.
Por agora é tudo. Despeço-me com um abraço até uma próxima oportunidade.


P. Vítor Mira

sexta-feira, dezembro 18, 2015

2.ª Sessão de Formação FEC

A 2.ª Sessão do Plano de Formação de Voluntariado organizado pela FEC (Fundação Fé e Cooperação) realizar-se-á nos dias 9 e 10 de janeiro, em Fátima, no Seminário do Verbo Divino.

Seminário do Verbo Divino, em Fátima

As inscrições poderão ser feitas até ao dia 4 de Janeiro. Para esse efeito, preencha o respectivo formulário, clicando aqui.
Apresenta-se a seguir o programa detalhado:

Tema: Voluntariado e Cooperação para o Desenvolvimento
Local: Seminário Verbo Divino – Fátima

Sábado – 9 de Janeiro
09h30: Acolhimento
10h00: Apresentação dos participantes e início dos trabalhos
10h30: As desigualdades no mundo
11h30: Pausa
12h00: A Educação para o Desenvolvimento/Cidadania Global                     
13h00: Almoço
14h30: Conceitos de Cooperação e de Desenvolvimento  
16h00: Intervalo
16h30: Voluntariado e Cooperação para o Desenvolvimento - problemas e desafios
18h00: Intervalo
18h30: Sínteses e Conclusões
19h30: Jantar
21h00: Testemunho Missionário   
    
Domingo – 10 de Janeiro
08h30: Pequeno-almoço
09h00: Ciclo do Projecto
                - Apresentação das etapas do Ciclo do Projecto
                - As fases de Identificação e Formulação do Projecto
10h00: Formulação do Projecto
                - Trabalhos de equipa
11h00: Eucaristia             
12h00: Partilha dos Trabalhos de Equipa/Formulação de Proposta do Projecto
12h30: Síntese e indicações bibliográficas / Avaliação        
13h00: Almoço       


Formadora
La Salete Coelho | Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo | Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto 

Testemunhos  
Sofia Baptista | Voluntariado Missionário Maria Ana Mogas | Missão de 1 mês na Bolívia

Equipa Plataforma Voluntariado Missionário 
Catarina António | FEC | 936245545
Ir. Adelaide Varanda | Missionárias Dominicanas do Rosário 


Inscrição na Formação FEC – 1 sessão = 10€; 5 sessões = 20€
Estadia pensão completa em quarto duplo = 28€ 
Estadia pensão completa em quarto individual = 33€
Refeição = 9€  
Só dormida (1 noite) = 12€ 
(o almoço do primeiro dia - sábado, dia 9 - será partilhado, sendo todos convidados a contribuir com algo)
 


Continuação de um bom Advento!

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Sapato com pedalada, Chitonde com chuva

Boa noite.
O mês de Dezembro já é mês de férias escolares em Angola. Por isso, o retiro dos padres e a Assembleia Diocesana de Pastoral estava marcada para as duas primeiras semanas deste mês para dar oportunidade de participar aos padres e irmãs que dão aulas.
Por isso, neste mês as idas ao Gungo têm que ser de “fugida” devido a estes compromissos. Nestas alturas aproveitamos para visitar aldeias mais próximas e também de mais fácil acesso porque a chuva está a deixar as suas marcas na picada.
Assim, no dia 29 de Novembro, primeiro domingo do Advento, visitámos a aldeia do Sapato.
Por ali passamos sempre que vamos para o Gungo mais interior. A picada atravessa a aldeia ao meio e são sempre muitas as pessoas que nos saúdam à passagem, e mais ainda as crianças com o seu “padrééé, xauéééé".
Mas desta vez parámos e estivemos praticamente todo o dia com a comunidade.
É uma aldeia com os seus problemas, principalmente de alcoolismo, ainda para mais, tem lá uma loja que vende bebidas alcoólicas à descrição.
Mas sentimos que a comunidade se mobilizou para receber a equipa e com muito entusiasmo. À capela de pau a pique e chapa de zinco foi acrescentada uma varanda coberta de lonas velhas e rasgadas, mas nem assim o espaço foi suficiente para albergar tanta gente que ali acorreu, vinda também de aldeias vizinhas.
Os cânticos cantados com todas a “ganas” até me fizeram arrepiar, apesar do calor. E o entusiasmo era tanto que tive que mandar parar o canto do Glória, logo no início, porque já estávamos no Advento.
No fim do almoço ainda houve uma reunião com os “casais da Igreja” que estavam sedentos por escutar palavras que dessem certeza e segurança à opção que fizeram; um dos problemas que estas comunidades vivem são as separações e também a poligamia de homens que casaram pela Igreja. É uma força da tradição e muitos acabam por se perguntar “porque não faço o mesmo?”. Nestes casos a formação é essencial.
No fim tirámos uma fotografia com os “resistentes” que ficaram por ali até à nossa despedida.

No domingo passado fomos ao Chitonde. Na sexta subimos até à Donga para ver como estava a nossa missão; muita chuva, lama e dança na picada. Num lamaçal quase entalávamos o jipe, mas lá saiu. Passámos o dia de sábado na missão e no domingo de madrugada descemos até ao Chitonde.
Lá estava a comunidade à nossa espera, embora não muito numerosa. Este é um centro com alguns problemas, com as comunidades muito enfraquecidas e dispersas.
Graças a Deus, deslocaram-se ao Chitonde alguns catequistas do centro vizinho da Tuma que ajudaram a preparar e a animar a Liturgia.
No fim, sentia que para aqueles que foram à missa tinha valido a pena, que aquela gente estava mesmo a precisar assim de um dia com a presença do padre. Pois, também já não celebrava lá havia cerca de um ano.
No fim do almoço teve lugar uma reunião com os catequistas, numa das salas da escola. A reunião teve várias pausas por causa das fortes chuvadas que iam caindo e faziam um enorme ruído sobre a chapa de zinco. Já se adivinhava durante a missa porque o sol estava forte e quando espreitava por entre as nuvens mandava umas “olheiradas” que até parecia que esmagavam.
No fim da reunião e no momento da despedida receava pela viagem de regresso.
Mais uma vez dançámos, demos uns tombos, sofremos umas escorregadelas, mas com calma chegámos ao Sumbe sem novidade, mas com o coração bem apertado. Quando saímos do Chitonde já tínhamos mudado os dois pneus de socorro que levávamos. Mais um furo significaria “maca grossa” (grande problema). Mas, graças a Deus, tudo correu bem.
Amanhã começa, aqui no Sumbe, a Assembleia Diocesana de avaliação pastoral e programação do próximo ano.
Um abraço para todos.

P. Vítor Mira