quinta-feira, dezembro 04, 2014

Páginas da Missão

Olá amigos e amigas, como estão? Nós, apesar do recente silêncio, estamos bem, graças a Deus. O tempo é que não tem chegado para partilhar um pouco convosco. Mas agora cá vai.
Consta-nos que em Portugal, depois da chuva, o frio se faz sentir com bastante intensidade, algo comum ao hemisfério norte, nesta altura. Por aqui é o contrário: muito calor e bastante chuva, principalmente nas áreas montanhosas, como é o Gungo. Depois de anos de seca, este ano tem chovido bastante, de tal modo que muitos já choram o feijão que se está a perder. Com isto ganha o milho. Só esperamos que a chuva não pare de repente, como já aconteceu, e aí o milho também se pode perder.
A chuva é uma bênção, mas por vezes também causa de tormenta: os caminhos de terra batida (picadas) por onde passamos vão-se degradando. Há umas semanas fui à aldeia do Belém levar uma carga para uma cantina. A picada era inclinada, tinha chovido, o camião escorregou para a zona cultivada e depois foi o cabo dos trabalhos para o tirar de lá, para não falar do milho que se estragou. Valeu-me a ajuda de umas pessoas (também algumas crianças) que por ali estavam a cultivar as suas lavras.
Outra consequência menos agradável da chuva é a autêntica invasão de insetos que sofremos e alguns deixam bem as suas marcas nos nossos corpos. Outros é um cheiro horrível… há-os para todos os gostos, principalmente dos lagartos que também abundam e, em parte, ainda bem.
Mas a chuva também permitiu, com as pevides que a minha mãe me deu, crescer um lindo abobral que já dá abóboras para os nossos porquinhos. Também as saborosas bananas, e agora as mangas, agradecem à chuva a sua chegada. O rio Cambongo, e também os outros, correm cheios e as águas que deles são captadas diretamente são bem castanhas. Mas mais vale isso que não tê-las.
Numa das últimas vezes que estivemos na Donga teve lugar um retiro com crianças e adolescentes que se prepararam para a Primeira Comunhão. Tiveram, por duas vezes, direito a uma sobremesa láctea que nos foi oferecida pela “Lactiangol” e também receberam um catecismo, dos que vieram de Portugal. Depois de terem caminhado nos seus centros e decorado a “Doutrina”, agora vêm à missão para terminarem a sua caminhada e receberem uma formação mais catequética e baseada na explicação do que já aprenderam e sabem de cor, mas por vezes não percebem. Também serão examinados durante esta reta final.
Na semana passada eu e a Teresa fomos a Luanda com o nosso camião. Tínhamos feito um pedido de apoio em cal à MOPIC para podermos caiar e assim renovar a nossa missão. Foram-nos oferecidos 1.200 quilos do referido produto. Justificando uma ida no Unimog a Luanda, aproveitámos para contatar algumas pessoas amigas e conhecidas para nos comprarem carvão e assim rentabilizar a viagem. Levámos 63 sacos. Mas foi uma autêntica via-sacra que teve sete estações, todas patrocinadas pela polícia com interpelações muito curiosas e que até nos fizeram rir.
No regresso, além da cal, ainda trouxemos leite, cereais, arroz, feijão e enlatados oferecidos por dois armazéns. Ainda comprámos uns tubos de ferro para as obras na nossa missão e o nosso amigo José Afonso Amorim ofereceu-nos um motor para a britadeira de milho que estamos a fazer.

No próximo domingo estaremos no Sumbe para participar nas ordenações.

Um abraço, até à próxima e santo Advento.

P. Vítor Mira

2 comentários:

David Nogueira disse...

Saudações Pe Vítor,

Obrigado pelas novidades, continuação de muita força para avançar.
Sobre os insectos... Se calhar temos de ir vendo as dietas orientais pode haver aí nutrientes a aproveitar.
Bons alfobres na lavra e nos corações. Santo Advento!

Tio Serra disse...

Alô linha da frente, votos de uma boa caminhada de Advento, para que Jesus nasça no coração de todos vós.
Obrigado Pe. Victor pela descrição do vosso trabalho que é muito belo.
Estamos juntos.
Tio Serra.