terça-feira, junho 24, 2014

O apelo missionário na diocese de Providence

Saudações missionárias,

Como muitos estarão informados, estive por terras da Diocese de Providence, nos Estados Unidos da América, juntamente com o Sr padre Fernando Vieira Lopes, para estabelecermos contacto com sete comunidades cristãs daquela diocese. Um dos objectivos foi fazer o agradecimento pelo apoio que essas comunidades deram no ano 2008 quando o Pe Vitor Mira e o mesmo Pe Vieira Lopes se deslocaram lá. Outro objectivo foi falar dos avanços da missão e manter viva a consciência missionária bem como lançar novamente o apelo à colaboração económica e espiritual.
Muitos dos cristãos com quem contactei pessoalmente manifestaram o seu apreço pelo trabalho feito pela diocese de Leiria-Fátima neste projecto missionário. Também os alegrou saberem que a ajuda dada em 2008, e que foi utilizada para ajudar na compra do camião, continua a fazer crescer a comunidade do Gungo em Angola.
Tive a oportunidade de fazer o apelo missionário em três comunidades. O Pe Vieira Lopes ficou ainda naquela diocese para participar na Festa de S. Francisco Xavier e visitar mais uma comunidade no próximo fim de semana 28 e 29 de Junho. São sete comunidades que se unem à diocese de Leiria-Fátima para ajudar uma outra comunidade de outra diocese, a do Sumbe. Este é um testemunho da universalidade da Igreja e um sinal de que todos (Portugueses, Angolanos, Americanos) formamos um só Corpo como nos recordou a Festa do Corpo de Deus...
Bem haja a todos os que aceitam ser missionários nas mais variadas formas.
 
P. David
 
P.S. Na foto o Pe Fernando Vieira Lopes distribui a edição especial do jornal Ondjoyetu que teve direito a tradução em inglês sendo distribuído quer numa quer noutra língua conforme cada grupo da comunidade.

sábado, junho 21, 2014

De Regresso à Missão II

Olá amigos, muito… bom dia!
A terça-feira foi algumas voltas em Luanda, uma cidade de trânsito muito desordenado, às vezes mesmo caótico, mas em que só é preciso saber e cumprir as regras alternativas a que podemos chamar de sobrevivência. Nem se podem cometer erros muito graves, mas também não se podem cumprir todas as regras à risca, sob pena de nunca chegar ao destino. E depois há uma máxima: seja quem for e que faça o que fizer, o importante é não bater.
No pára-arranca de uma fila, via passarem à minha esquerda, na faixa de retorno, muitos veículos a alta velocidade que lá à frente se metiam à frente dos outros, abandonando o retorno e ganhando a dianteira aos que vinham a passo de caracol. Quando cheguei ao local houve uma senhora que "se quis meter" expressando um sorriso comprometido. Eu não deixei e fiz-lhe sinal que ali seria para voltar no retorno. Daí a pouco via-a ao meu lado esquerdo, com o vidro do "pendura" aberto, a dizer-me: “vocês lá em Portugal estão muito mal informados”. Ainda fui para lhe responder, mas ela fez deslizar o vidro para cima. Limitei-me a fazer o gesto com a mão de que ela não estava a ver bem, e continuámos o nosso caminho, nas calmas.
Depois de vários contatos e tarefas cumpridas, à tarde fui a um outro armazém de produtos alimentares e ali tinha à minha espera cerca de mil quilos de farinha de trigo. Uau, que bom! Assim já temos uma boa ajuda para pagar aos que vão colher a jinguba da lavra da missão. Os primeiros sacos, ainda os carreguei sozinho. Mas depois um funcionário do armazém encheu-se de compaixão e foi ajudar-me. No fim as molas do cavalinho denunciavam o peso. Apesar de ser tempo de Cacimbo fiquei bem transpirado e com muita farinha colada à humidade da roupa, mas o coração, esse pulava de contentamento.
Mais uma noite passada na casa da Bernardeth e do Carlos e na quarta de manhã, depois do mata-bicho e de carregar algumas coisas mais leves que tinham oferecido à missão no dia anterior, rumei ao Sumbe.
No percurso ainda fui mandado parar pela polícia três vezes. Um viu que devia “ser da Igreja” e logo me mandou seguir. Outro mirou e remirou a carga, também percebeu que seria missionário, manifestou admiração por viajar sozinho, mas mandou-me seguir com votos de boa viagem. O terceiro pediu documentos e informou-me que aquela viatura é de passageiros e por isso não pode transportar carga. La falámos um pouco e chegámos à conclusão que ambos conhecíamos D. Joaquim Gonçalves, atual bispo de Viana (nos arredores de Luanda) e antigo pároco deste agente de autoridade. Conseguida a sua benevolência, lá segui viagem. Um outro só se apercebeu da carga que levava muito próximo, ainda esboçou um gesto para mandar parar, mas era muito em cima... escapei.
Cheguei ao Sumbe pela hora do almoço e à minha espera estavam a Teresinha e o avô Filipe, acolhedores e bem dispostos.
De tarde foi o esvaziar das malas, separar as cartas, encomendas e miminhos e depois a preparação para retomar o ritmo habitual dos trabalhos por cá.
No dia seguinte veio visitar-nos a Imaculada, mãe afetiva do meu xará Vítor, que tem quase seis meses e está com bom aspeto. Também cá estava a mãe Maria e todos juntos tirámos a foto que podem ver.
Amanhã, quer dizer… hoje, partiremos para a Donga logo pela manhã. O jipe já está praticamente todo carregado. Só faltam as bagagens pessoais e pouco mais. Se Deus quiser, voltaremos dia 7 de Julho. Depois daremos conta destes dias.
Um abraço e até lá.

P. Vítor Mira

quinta-feira, junho 19, 2014

De Regresso à Missão I

Olá, muito boa noite.
Chegar a Luanda em Junho é mais suave que noutros meses do ano. É o tempo do Cacimbo (vai de Maio a Setembro), mais fresco, sem chuva. Mesmo assim sente-se um ar algo mais “pesado”, mais húmido, sem dúvida diferente do de Portugal.
A viagem decorreu sem sobressaltos. Quando estrei no autocarro que leva os passageiros do avião para a aerogare por cima da porta estava escrito a letras vermelhas: “para sua segurança o autocarro só anda com a porta fechada”. Mas ele avançou com ela aberta, com o ar a bater-me na cara. “Ok, estou mesmo em Angola”, pensei.
À minha espera estava o Carlos, namorado da Bernardeth. Saudámo-nos e seguimos para casa dele. Quando tentei por o Cavalinho Branco a trabalhar, não queria. Demos-lhe “um encosto” com outra bateria e finalmente pegou. Mas durante o dia só foi pegando com “encostos” e empurrões de voluntários caridosos. Nem a água destilada deu nova vida à bateria cansada. Ainda no dia da chegada fui a Viana visitar a ESTPOR, empresa que nos apoia, e entregar uma pequena encomenda. E que bom almoço me deram. No regresso passei por uma empresa do ramo alimentar e o jipe ficou quase cheio de comidas e bebidas diversas. Algumas nem as compramos, mas como são de oferta, não há como aproveitar para a nossa grande família. Ao chegar a casa, o Carlos e as sobrinhas dele ajudaram-me a descarregar o jipe que no dia seguinte teria que girar por Luanda e deveria fazê-lo vazio, tanto mais que havia promessa de mais doações.
Mas o pior ainda estava para vir: os vizinhos do Carlos convidaram-no para ir lá ver o jogo de Portugal contra a Alemanha. Eu fui com ele porque durante o dia nos cruzámos com esses vizinhos que reforçaram o convite. A expetativa era grande… a bandeira portuguesa estava hasteada à entrada do portão alto em ferro. Mas estava triste e caída porque não havia vento, faltava-lhe o espírito que a fizesse voar.
Foi assim com a Seleção portuguesa. No fim do jogo, no meio de tantos lamentos e frustrações, ainda gracejei que a única coisa que tinha aproveitado daquele jogo foi a Cuca bem fresquinha que bebi. E assim nos despedimos aliviando a dor da pesada derrota.
À noite foi o reencontro com a Bernardeth, alegre e bem disposta, ansiosa por ter notícias de uma terra onde viveu durante 10 anos. E recebeu-as. juntamente com muitos cumprimentos.
A terça-feira começou com… bem, amanhã há mais.
Um abraço e fiquem bem. Cumprimentos a todos.
 
P. Vítor Mira

P.S. - Por aludir ao Mundial, fica esta foto da porta de uma casa do Gungo, onde o Cristiano Ronaldo já era conhecido em 2006 (mesmo que o nome esteja mal escrito).

Regresso dos Estados Unidos

Saudações a todos os que visitam esta página.
 
Como muitos sabem, desloquei-me à diocese de Providence, nos Estados Unidos da América, para aí fazer um apelo missionário em sete paróquias e contei com a ajuda do Sr padre Fernando Vieira Lopes que trabalhou no Gungo no final dos anos 70 e princípio dos anos 80.
Durante a minha estadia,
visitei três paróquias, tendo o Pe Fernando visitado outras três. O Sr padre Fernando ficou ainda a continuar este trabalho de sensibilização e regressará no final do mês de Junho.
Durante a minha estadia, por essas paragens, foi possível conhecer algumas das paróquias portuguesas daquela diocese bem como os seus párocos e dar a conhecer o projecto missionário da nossa diocese e seus desenvolvimentos. Juntamente com o apelo missionário ficou um apelo à colaboração material e espiritual para com o nosso projecto missionário. Estas comunidades já tinham colaborado em 2008 quando o Pe Vítor Mira lá se deslocou tendo sido acompanhado, já na altura, pelo Pe Vieira Lopes.
Foi notável a alegria de algumas pessoas ao saberem que as ajudas dadas vão tendo aplicação e que o trabalho missionário tem tido seguimento.
Para mim pessoalmente foi uma nova experiência ou um conjunto de novas experiências.
Aos cristãos da diocese de Providence envolvidos e aos seus párocos eu digo novamente: Muito obrigado pelo acolhimento pessoal e pelo acolhimento pessoal de que eu e o Sr Padre Fernando Vieira Lopes pudemos ter.
Um grande bem haja por estarmos juntos neste projecto.

terça-feira, junho 17, 2014

P. Vítor de regresso à missão

Olá amigos!
No passado domingo o P. Vitor partiu de novo para Angola, depois de cerca de um mês em terras lusas, para algum descanso e também tratar de muitos assuntos da missão.
A sua viagem correu bem e à sua espera estava o Carlos (o marido da Bernardeth).

Ontem e hoje esteve em Luanda para tratar de alguns assuntos e amanha irá para o Sumbe, onde estarão a mana Teresa e o avôzinho Filipe.

Desejamos muita coragem à equipa missionária, agora muito reduzida, para realizarem o muito trabalho que têm pela frente.

Ao P. David, que se encontra de regresso dos EUA desejamos uma boa viagem.
ESTAMOS JUNTOS...
Um beijinho mana Ana

quarta-feira, junho 11, 2014

Um avanço técnico

Bom dia amigos e votos de bem-estar.
Como vos temos dado a conhecer, a nossa missão do Gungo temos vindo a fazer um esforço por desenvolver a agricultura em ordem à autossustentabilidade da missão. Por isso, na Donga temos vindo a alargar a área cultivada. Temos dado pequenos passos mas que nos ajudam a crescer.
Uma boa ajuda veio-nos deste debulhador manual de milho. Já chegou em 2011 e foi oferecido por uma família de Urqueira à qual muito agradecemos, de modo particular à D. Anabela.
Embora seja uma máquina manual, permite uma muito maior rapidez na debulha do milho porque antes tinha que ser à mão ou com a ajuda de malhos de madeira.
Nestas imagens vemos a sua estreia feita pelos missionários que lá estavam na altura. Depois os nossos colaboradores começaram a trabalhar com ela.
Um grande bem-haja.

P. Vítor Mira

sábado, junho 07, 2014

Vasos de Barro

No ano 2012 senti necessidade espiritual de dedicar algum tempo à Missão Diocesana Ondjoyetu, em Angola, mais propriamente nas montanhas do Gungo.
Conhecia o Grupo desde a sua formação, colaborava nas suas iniciativas e, logo que me foi possível, integrei-me nele com mais assiduidade.
Após alguns anos de caminhada nesta Missão, fiz a preparação adequada e parti confiante de que a minha vivência com aquele povo iria ser profícua para ambas as partes.
Chegada ao destino recebi, aí também, diretrizes no que respeitava às atividades que, dentro de dias, iríamos desenvolver nas aldeias.
Do dia 26 a 28 de Outubro vivemos com o povo da Chitunda, aldeia bela, tranquila, à semelhança das que já tinha visitado; povo simples, afável, genuíno, dedicado e grato para com os missionários, alegre e com uma fé que sabe louvar e agradecer a Deus, sempre em ambiente de festa.
Num dos encontros de formação, o Superior da Missão, naquela altura Sr. Pe. Vítor Mira, surpreendeu-me quando transmitiu aos participantes o meu desejo de trazer, como recordação, uma peça de artesanato do Gungo.
Perguntando se, nesse local, haveria alguém que se dedicasse àquele tipo de trabalho, foi respondido que não.
Agradecimento feito, deu-se continuidade à reunião, que terminou com uma oração e um cântico, como é hábito.
Dois dias depois, o "Pai” Luís Zeferino, senhor que faz questão em confecionar as
nossas refeições, ao ver-me, pela manhã, acenou-me para que me aproximasse, o que ele fez também.
No momento do encontro, estendeu as mãos, que serviam de berço a um volume envolvido num papel, material raro por aqueles lados.
Disse-me, então: "Avó Inês, trago aqui, para lhe oferecer, duas coisas que a minha esposa fez para si." Eram dois potes de barro. Fiquei abalada, confesso, com a inimaginável surpresa, com o cuidado que ele pôs em transmitir à esposa o meu desejo, que passou a ser, também, o seu desejo.
Pareceu-me inacreditável estar a viver aquele momento tão delicioso, tão significativo, tão fascinante...
Os corações daquele casal uniram-se para satisfazerem o anseio duma missionária que estava com eles pela primeira vez, que não conheciam de lado nenhum, levando-os a "meter mãos à obra". O que dois dias antes era impossível, surgia, agora, como um milagre!
Perguntei pela esposa, não só para lhe agradecer como para lhe dizer quão belos os potes de barro eram e que iriam merecer a minha maior estima entre as peças que decoravam a minha casa.
Passariam a ser, até, as peças mais valiosas.
Hoje, olho com frequência para os dois objetos, recordo esse momento de entrega daquilo que, não se tendo, se inventa, só para alegrar o outro, porque se ama o outro!

Maria Inês Lourenço

domingo, junho 01, 2014

O Apelo missionário já começou

Saudações a todos os "Ondjoyetus" simpatizantes e amigos que passam por este espaço,
 
Como foi noticiado, estou nos Estados Unidos da América, com o Sr padre Fernando Vieira Lopes para fazer um apelo missionário a favor da missão do Gungo.
Este apelo já teve início nas missas deste sábado, dia 31. Estive na igreja de Nossa Senhora do Rosário, a mais antiga igreja das comunidades portuguesas da diocese de East Providence. O Sr padre Fernando Vieira Lopes esteve na igreja de S. Francisco Xavier no centro de Providence Ao lado na imagem), onde estou alojado. O padre Vieira Lopes está alojado noutro local com o Sr padre Vítor Vieira, anterior pároco de S. Francisco Xavier
Esta diocese tem uma grande quantidade de luso descendentes, principalmente dos Açores e da Madeira. Nesta altura estão a celebrar as "Domingas" que são encontros de oração familiar para preparar a festa do Espírito Santo, cuja devoção nestas comunidades está muito arraigada. (ver foto do altar ao lado)
Após o primeiro apelo que fiz e, tendo falado da ajuda que ali foi recolhida em 2008 para a aquisição do camião da missão, veio ter comigo um dos paroquianos dizendo: "Não sabia que tínhamos lá um camião! Mas é muito bom saber." Juntamente com esta interjeição vieram muitas palavras de estímulo para a continuação do trabalho Missionário. Este bem haja é extensivo a todos os que têm colaborado para a continuação da missão.
 
Continuamos o apelo e a ligação entre comunidades que vivem a mesma fé e partilham com o próximo.
 
Estamos juntos!
Pe David