sábado, novembro 17, 2007

António, o emigrante de sucesso, - I

Mais umas linhas da história do nosso amigo António. Como já disse, o António foi o melhor dos nossos trabalhadores. Não tanto pela qualidade do que fazia, pois vinha do campo e não estava habituado ao tipo de trabalho e construção que a nossa obra exigia, mas principalmente pela sua atitude sempre disponível e voluntariosa. A determinada altura foi preciso aprofundar a vala de drenagem da zona dos tanques de água. A retroescavadora abriu a vala, mas não chegou a profundidade necessária. Ainda contactámos uma empresa que tinha uma giratória, mas levava 200 dólares à hora, o que seria um custo elevado e não previsto. Perguntámos por isso ao António se ele podia fazer aquele trabalho. O seu “siiiiim” foi imediato: “eu vim para aqui para ajudar a missão”. Logo lhe garantimos que além do que estava combinado, iria receber uma recompensa extra devido à dureza do trabalho que tinha pela frente. E, de facto, deu pena ver o António com a picareta, a marreta, a pá, a enxada, os ponteiros de ferro grosso a trabalhar com tanto calor naquele buraco que ficou com 2,60 de profundidade. Ele, que é negro, saía de lá todo branco do pó que provocava o seu trabalho. Que duras pedras ele teve que partir para conseguir cumprir a tarefa que lhe estava confiada. Ao fim de alguns dias o trabalho estava realizado. Entretanto, chegou o fim do mês e por isso pagámos ao nosso amigo o que estava combinado. Mas além disso, ainda lhe oferecemos um bom casaco e umas botas novas. A oferta deixou-o deslumbrado com um sorriso bem rasgado de espanto e gratidão. Mesmo com o calor que estava, as prendas foram logo estreadas e usadas com satisfação. A história continua. Cumprimentos. P. Vítor Mira

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